Os avós...

Hoje
Dia 26 de Julho - Dia dos Avós




Neste dia especial, dedicado a todos os avós, quero agradecer à minha mãe, Tomázia da Conceição, todo o carinho e dedicação com que mimou os meus filhos desde o dia  em que abriram os olhos para o mundo até hoje.


São muitas as vantagens do relacionamento de avós e netos. Para os avós, este é o momento em que podem usufruir da relação com as crianças de forma despreocupada. Eles não têm propriamente o dever de educar mas sim de conviver.

É frequente ouvirmos que os avós são os segundos pais porque já passaram pela experiência de educar e este convívio possibilita-lhes um regresso ao passado. Esta situação possibilita a transmissão de conhecimentos acerca da história familiar. A partilha de informações sobre a família possibilita um crescimento emotivo e social muito importante para os netos.
Muitos dos avós já estão reformados e têm agora tempo que não tinham quando desempenharam o papel de pais. É a oportunidade ideal para fazerem com os netos aquilo que gostariam de ter feito com os filhos.
É também normal que os netos se sintam mais à vontade para falar de certos temas com os avós em vez de o fazerem com os pais. Por sua vez, os avós podem ouvir, esclarecer e orientar as crianças, fomentando o adequado diálogo entre ambos.


O meu Avô Miguel...


Lembro-me perfeitamente do meu avô paterno...muitas vezes, em conversas com as minhas irmãs, falamos do Avô Miguel...
O avô Miguel, viveu conosco os seus últimos anos de vida e é dessa fase que eu me recordo...
O avô Miguel rezava todos os dias o terço, em voz alta e por vezes trémula, e todos eramos obrigados a participar...
O avô Miguel tinha o olhar azulado, o rosto sulcado por rugas profundas e as mãos, engelhadas , seguravam uma bengala...Tinha, também, um chapéu...
    
No dia em que o avô Miguel faleceu eu e as minhas irmãs e as minhas primas passámos o dia a andar de baloiço, na quinta onde morávamos, e fartámo-nos de brincar...naquele dia nem me apercebi do que se estava a passar...sei que a minha mãe chorou imenso e que o meu pai se refugiou na adega a carregar cartuchos... Cada um vive a dor à sua maneira...
Foi só nos dias seguintes que a falta do avô se começou a sentir...
Sei que para matar a saudade falava com ele em voz alta (e posteriormente em voz baixa, quando uma das minhas irmãs comentou com a minha mãe que eu falava com o avô)...contava-lhe tudo o que se passava de novo na nossa vida...até que me habituei à ideia de que ele nunca mais voltaria...

O avô Miguel foi um avô respeitado e querido e a sua imagem sentado à lareira permanecerá viva para sempre...assim como o sabor das maçãs engelhadas que comiamos, à noite, sentadas à lareira a ouvir as suas histórias...





Cada vez que me pedem para falar sobre o que me preocupa na sociedade vem-me logo á ideia a imagem do idoso. Do meu amigo idoso. Do meu querido companheiro idoso...
Dou por mim, muitas vezes, a pensar nos meus amigos idosos que já partiram e a falta que, ainda, me fazem. Ninguém os substitui. Nada substitui uma vida...



Vivi durante cinco anos na bela vila de Belmonte. Ali respira-se o ar puro da Serra da Estrela. Foi ali que estabeleci a mais bela relação de amizade com um idoso de origem judaica. Todos os dias, pela manhã, me cruzava com ele. Encostado à parede de uma moradia, envolvido na sua pelice, ali estava como que a aguardar-me...todos os dias tinha um poema diferente para recitar...talvez porque soubesse o quanto respeito, admiro, venero os meus amigos idosos...apenas são idosos por fora porque no seu interior continuam a ser o João filho de...irmão de...pai de...avô de... Quando me cruzo com pessoas que olham por "cima" do idoso como se ele não existisse sinto uma enorme revolta porque o idoso é uma PESSOA com P maiúsculo...



Para o meu amigo idoso: viva uma vida longa mas nunca fique VELHO.





Poema:

Se meu andar é hesitante e minhas mãos trêmulas, ampare-me.

Se minha audição não é boa, e tenho de me esforçar para ouvir o que você está dizendo, procure entender-me.

Se minha visão é imperfeita e o meu entendimento escasso, ajude-me com paciência.

Se minha mão treme e derrubo comida na mesa ou no chão, por favor, não se irrite, tentei fazer o que pude.

Se você me encontrar na rua, não faça de conta que não me viu. Pare para conversar comigo. Sinto-me só.
Se você, na sua sensibilidade, me ver triste e só, simplesmente partilhe comigo um sorriso e seja solidário.

Se lhe contei pela terceira vez a mesma história num só dia, não me repreenda, simplesmente ouça-me. Se me comporto como criança, cerque-me de carinho.

Se estou doente e sendo um peso, não me abandone.

Se estou com medo da morte e tento negá-la, por favor, ajude-me na preparação para o adeus.





Dou comigo a pensar, nesta hora um pouco já tardia, o que faço eu, no meu dia-a dia, para alterar a solidão em que vivem as pessoas com mais idade residentes na minha rua, na minha zona...
Todos os dias tento modificar um pouco mais o meu comportamento...o certo é que já dou os bons-dias a cinco idosos e eles retribuem... Constato que os idosos masculinos são mais comunicativos e ficam como que a aguardar o prolongamento da conversa... e o meu cão é um bom pretexto de conversa!!! Antes tão temido, devido ao seu tamanho e ao facto de, obrigatóriamente, ter de usar açaime (o que lhe atribui o rótulo de PERIGOSO... sem o ser!) é agora querido por estes novos amigos... e eles vão-me contando o que ele faz quando não está debaixo dos meus olhos...ou onde se encontra...






AVÓS

Um velho índio conta ao seu neto que existe uma batalha que toda as pessoas têm que travar dentro de si.


Ele disse: esta batalha dentro de nós é entre dois lobos.

Um é mau. É a cólera, inveja, ciúme, amargura, desgosto, arrependimento, cobiça, arrogância, lamentação, culpa, ressentimento, inferioridade, mentira, vaidade, soberba, complexo de superioridade e o ego.


O outro é bom. É a alegria, paz, amor, esperança, serenidade, humildade, bondade, benevolência, empatia, generosidade, verdade, compaixão e confiança.


O neto pensou um pouco e perguntou: Qual dos lobos vence?

O velho índio respondeu simplesmente: Aquele que alimentares...!



Actualmente, o números de divórcios é cada vez mais elevado, consequentemente, verifica-se o aumento de  famílias monoparentais e da constituição de novas famílias  por pessoas divorciadas... Na sociedade actual verifica-se, ainda, o aumento do numero de filhos fora do casamento... 


Nas situações atrás mencionadas há, quase sempre, crianças envolvidas... crianças e avós...
 

Em caso de divórcio, e na presença de filhos menores, a guarda destes é entregue a um dos progenitores ou a ambos, em caso de consenso... No entanto, em caso de haver quezílias entre o ex-casal estas acabam por  se estender aos familiares de ambas as partes...ficando avós e netos impossibilitados de continuarem a manter uma relação harmoniosa tão importante no desenvolvimento afectivo das crianças...e no combate à solidão dos que possuem mais idade( para não falar de toda a envolvência afectiva  destes)... 



A transmissão de muitos valores só é possível pelo contacto de diferentes gerações.